domingo, 20 de março de 2011

Uma formiga atrevida

(Imagem da Net)

Uma formiga atrevida
Pisou o meu pão-de-ló;
Que atrevida, essa formiga
Que se atreveu, vejam só,
A pôr o pé na comida
Que me fez a minha avó!

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 11 de março de 2011

A princesa encantada

Era uma vez uma menina, chamada Mariana, que andava a passear no jardim e ouviu uma voz dizer:
- Bom-dia!
Mariana olhou à volta e não viu ninguém. Então ouviu outra vez:
- Bom-dia!
Mariana respondeu:
- Bom-dia, quem está a falar comigo?
- Sou eu, – disse a voz – sou a flor que aqui está neste vaso.
Mariana olhou, viu a flor e perguntou:
- Quem és tu?
A flor respondeu que era uma princesa que tinha sido encantada por uma bruxa, que a transformou em flor, e que só voltaria a ser princesa novamente quando três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos andassem à volta do vaso onde ela estava.
Mariana disse que ia ver se conseguia arranjar essas aves todas e que a flor não se preocupasse, que ela a ajudaria.
Depois Mariana foi à capoeira ver se tinha três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos, mas não tinha, só tinha duas galinhas, um galo, um pinto preto e dois brancos. Então, foi à feira ver se encontrava os que lhe faltavam, mas só encontrou dois galos e um pinto branco. Ainda faltavam uma galinha e dois pintos pretos.
No dia seguinte, Mariana foi a outra feira; encontrou a galinha que faltava e os dois pintos pretos e trouxe tudo para a capoeira, para no dia seguinte quebrar o encanto da princesa.
Entretanto, a bruxa descobriu o que Mariana ia fazer. Nessa noite transformou-se numa raposa e assaltou a capoeira. Comeu as galinhas, os galos e os pintos todos. O criado da quinta onde Mariana vivia ouviu barulho e foi ver o que se passava. A raposa ouviu-o chegar e fingiu-se morta. O criado pensou que ela estava mesmo morta e disse:
- Ah, danada! Comeste o que não devias e é bem-feito que tenhas morrido. Vou abrir-te a barriga, a ver se salvo ao menos uma galinha.
O criado pegou na faca que trazia à cintura e com ela abriu a barriga à raposa, que quando sentiu a faca deu um salto e disse:
- Ai, que nunca mais volto a ser bruxa, ficarei raposa para sempre!
É que quando as bruxas estão transformadas em qualquer coisa e se lhes espeta uma faca, elas ficarão para sempre transformadas nisso e nunca mais podem fazer mal a ninguém.
A raposa conseguiu fugir. O criado, muito triste, foi dizer à Mariana o que tinha acontecido aos galos, às galinhas e aos pintos brancos e pretos.
Mariana disse que não fazia mal, que arranjava outros. No dia seguinte foi novamente às feiras procurar três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos e encontrou-os todos.
Dirigiu-se depois ao jardim aonde estava a flor, disse-lhe bom-dia e contou-lhe que já tinha o que fazia falta para a desencantar. Pôs os três galos, as três galinhas, os três pintos brancos e os três pintos pretos no chão ao pé do vaso, mas não havia maneira de eles andarem à volta dele.
Então o jardineiro, que estava a presenciar tudo, perguntou se podia tentar fazer com que as aves andassem à volta do vaso. Mariana disse que sim. O jardineiro foi buscar um bocado de milho e foi deitando um por um à volta do vaso.
Quando os galos, as galinhas e os pintos viram o milho começaram logo a comê-lo, andando à volta do vaso. Logo a princesa ficou desencantada, transformando-se numa rapariga muito bonita. O jardineiro, que era um rapaz novo, quando a viu apaixonou-se por ela, e a princesa também se apaixonou por ele.
A princesa agradeceu à Mariana por tudo o que fez por ela; depois o jardineiro foi levar a princesa ao castelo onde viviam os pais dela.
O pai e a mãe da princesa, que eram o rei e a rainha, ficaram muito contentes quando a viram. A princesa contou-lhes o que lhe tinha acontecido e pediu ao pai para a deixar casar com o jardineiro, pois gostava muito dele. O rei disse que sim.
No domingo seguinte fez-se o casamento e deram uma grande festa. A princesa convidou a Mariana. Ela foi e gostou muito, pois o casamento foi muito bonito e a festa também.
A princesa levou um vestido com muitas rendas e laços e todo cheio de brilhantes. E levou um véu muito comprido e uma coroa muito bonita na cabeça. O jardineiro passou a ser príncipe e também estava muito bonito.
Casaram, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre.

(Texto e desenhos de Felipa Monteverde)

O rato Ratão

Andava o rato Ratão
Comilão
Procurando no fogão
Algum resto de feijão
Ou um pedaço de pão
E requeijão…

Pobretão
Que é o rato Ratão:
Só encontrou macarrão
Cozido com pimentão,
Irá comê-lo ou não?

Tão glutão
O dito rato Ratão
Ali mesmo, no fogão,
Comeu até que mais não
Lhe cabia, e na mão
Levou para o seu irmão
O resto do macarrão
Cozido com pimentão.

Amigão,
Apesar de comilão
Que é o rato Ratão!

FELIPA MONTEVERDE

A Rata Ratinha

Andando a rata Ratinha
Com fominha,
Procurando na cozinha
Alguns restos de galinha,
Encontrou uma sardinha
Ainda dentro da latinha.

Coitadinha,
Que é a rata Ratinha,
Porque tem tanta fominha
E não gosta de sardinha…

Ah! Se ela fosse rainha
Dos ratos e das ratinhas
Quanta comida teria
Na cozinha!
Só comeria galinha
Nem tainha,
Nem sardinha,
Porque ela era a rainha!

Pobrezinha,
Que é a rata Ratinha,
Lá comeu uma sardinha…
Mas já matou a fominha!

FELIPA MONTEVERDE

O jarro partido

Meu irmão partiu o jarro
Que a minha mãe comprou
Deixou-o cair ao chão
E depois muito chorou.

Ao ver o jarro partido
Minha mãe desatinou
E o choro do meu irmão
Ainda mais a enervou.

Aplicou-lhe um castigo
Que é para ele aprender
A deixar estar o que está
Não pôr a mão, não mexer.

FELIPA MONTEVERDE

O príncipe de orelhas de burro

O príncipe de orelhas de burro
Usava um chapéu de palha
Já lhe chamavam casmurro
Mas ele teima e só ralha.

Tapava ele as orelhas
Ninguém sabia que as tinha
Só se lembravam as velhas
De que o dissera a rainha.

O príncipe nunca mostrou
As orelhas a ninguém
E só nisso se falou
Por causa da sua mãe.

O príncipe de orelhas de burro
Tem medo que o povo pense
Que ele é assim tão casmurro
Porque é burro como um burro.

Por isso esconde as orelhas
E se não fossem as velhas
Ninguém sabia que as tinha
Nem que o dissera a rainha.

FELIPA MONTEVERDE