Andava a Carochinha
Varrendo a sua cozinha
Quando encontrou um tostão
Que brilhava ali no chão.
«Um tostão, ai que riqueza!
Vou a um salão de beleza
Para ficar mais bonita,
E também compro uma fita!»
E como estava tão bela
Lá se foi pôr à janela
A ver as suas vizinhas
Trabalhando, as pobrezinhas…
Carochinha estava rica
E tão bonita, com uma fita
No cabelo a enfeitar
Que até pensou em casar.
«Há noivo prà Carochinha,
Nesse alguém que se avizinha?»
«Ão, ão!» respondeu um cão.
«Contigo não, contigo não!»
«Há noivo prà Carochinha,
Nesse alguém que se avizinha?»
«Miau, miau!» respondeu o gato.
Ela atirou-lhe um sapato!
«Há noivo prà Carochinha,
Nesse alguém que se avizinha?»
«Hi, hó!» respondeu o burro.
«Ai, tu não, que és casmurro!»
«Há noivo prà Carochinha,
Nesse alguém que se avizinha?»
«Hi, hi!» disse um ratinho.
«Anda cá, meu amorzinho!»
Carochinha se agradou
E com o rato casou;
Para a boda festejar
Muitos bolos foi comprar.
João Ratão ficou em casa,
Viu um caldeirão na brasa.
«Que cheirinho, ai que cheirinho!
Cheira a feijões e toucinho!»
Debruçou-se na panela
Caiu para dentro dela!
Chega então a Carochinha
Que já era viuvinha.
Vai à panela, coitada
Pra servir a feijoada…
«Ai, o meu rico maridinho
Na panela do toucinho!»
Chora agora, a Carochinha
Que é rica e viuvinha;
Chora o seu João Ratão
Mais cozido que o feijão.
Chora tanto, a Carochinha
Que é rica e viuvinha;
Chora o seu João Ratinho
Mais cozido que o toucinho.
(Texto e desenhos de Felipa Monteverde)