segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Capuchinho e o lobo

Imagem retirada daqui. 

Andava o lobo na floresta
À procura de comida
Capuchinho, com uma cesta
Ia a casa da avozinha.

O lobo viu Capuchinho
Viu a cesta que levava
Cheirou-lhe tanto a bolinho,
Com tanta fome ficava...

Capuchinho caminhando
Naquele feio caminho
E o lobo a espiando
Com a ideia no bolinho.

Chegando a casa da avó
Capuchinho logo entrou.
A velha não teve dó:
Dos bolinhos não gostou!

Atirou-os pela janela,
O lobo os apanhou;
Abriu logo a goela
E que contente ficou!

Felipa Monteverde

terça-feira, 22 de novembro de 2011

O cão do meu vizinho

(Imagem retirada daqui.)


O cão do meu vizinho
Atacou o meu gatinho,
Espetou-lhe uma dentada
Não teve pena nem nada.

Aquele cachorro mau
Merece coça de pau,
Por o que fez ao gatinho
Que até é tão bonzinho.

O cão lhe ferrou o dente
E ladrou alegremente,
Pensando ser brincadeira
Toda aquela miadeira.

Mas o gatinho miava
Com a dor dessa dentada;
E o cão, sempre a brincar
Ainda mais lhe quer ferrar.

Então acudi ao gato:
Atirei com um sapato
À cabeça do cachorro,
Que até ganiu por socorro!

A ver se aprende a brincar
Sem aos outros magoar;
Que nisto de brincadeiras
Não vale fazer asneiras.

Felipa Monteverde

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

O rapaz e o grilo


Era uma vez um grilo, que vivia num buraquinho no meio de um campo. Perto do buraquinho do grilo, que era a sua casa, passava uma estrada. Por essa estrada passava todos os dias, a caminho da escola, um rapaz.
Quando passava perto do buraquinho do grilo o rapaz ouvia-o cantar. Parava então, a escutá-lo. Gostava muito daquela melodia.
O grilo cantava e cantava, sem saber que havia alguém a escutá-lo.
Um dia o rapaz resolveu apanhá-lo. Pé ante pé, quando o grilo estava fora do buraquinho a cantar, o rapaz aproximou-se por trás e apanhou-o. Meteu-o numa gaiola e levou-o para casa.
O grilo não gostou nada de se ver assim fechado. Sentia falta da sua casa, do cheiro da terra, da erva fresquinha, das flores.
O rapaz dava-lhe alface para ele comer, mas o grilo depressa enjoou, de comer sempre a mesma coisa. Ainda por cima, ele nunca tinha comido alface, até àquela data. Não apreciava o sabor, mas tinha fome e por isso comia. Depois deixou de comer.
O rapaz andava triste, porque o grilo não cantava. Desde que o metera na gaiola e o levara para casa, o grilo nunca mais cantou.
A mãe disse-lhe que o grilo não cantava porque tinha saudades da sua casa. O rapaz resolveu soltá-lo.
No dia seguinte, ao ir para a escola, levou a gaiola do grilo com ele. Chegando ao local onde ficava o buraquinho do grilo, soltou-o.
O grilo fugiu imediatamente, à procura da sua casa.
O rapaz foi para a escola.
Quando voltou das aulas, à tardinha, passou perto do buraquinho do grilo e ficou contente: o grilo estava a cantar.
Deixou-se ficar, a escutá-lo.
Depois foi para casa, muito contente, a assobiar.

Felipa Monteverde

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Olha o cão, olha o cão!


O cão soltou-se.
Arrastou a corrente
E estragou as couves.
Francamente!

Vão prender o cão!
Dizia o meu pai.
Mas quem o apanha,
Onde é que já vai!!?

Minha mãe ralhava
Com tudo e com todos;
Ficou sem as couves
Esqueceu os bons modos.

Olha o cão, olha o cão!
Dizia a madrinha;
Escondeu-se acolá,
Debaixo da vinha.

Vão prender o cão!
Gritava a avó.
Mas quem o consegue?!
Ninguém que vá só…

Fui eu a correr
Mais o meu irmão,
E sem mais delongas
Prendemos o cão!

Felipa Monteverde

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Era uma vez um rapaz

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz
De comer vinte salsichas
E mais quinze sanduíches.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz
De beber de uma golada
Três litros de laranjada.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz
De comer dez costeletas
E mais cinco omeletas.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz
De beber um garrafão
Cheio de sumo de limão.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz;
E começou a comer
E começou a beber.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz:
Mas só comeu três salsichas
E só duas sanduíches.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz:
Mas só bebeu de golada
Um copo de laranjada.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz:
Comeu uma costeleta
E só meia omeleta.

Era uma vez um rapaz
Que se achava capaz:
Mas nem quis o garrafão
Cheio de sumo de limão.

Era uma vez um rapaz
Que já não era capaz,
Porque já não tinha fome
E por isso mais não come.

Era uma vez um rapaz
Que já não era capaz,
Porque já não tinha sede
E por isso mais não bebe.

Felipa Monteverde

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O mel

Se o mel não fosse
Assim tão doce
Não se chamava mel
Nem tinha a cor do mel.

Mas eu sei que o mel é doce
E que acalma a tosse
E que se chama mel
E é dourado, cor de mel.

Porque o mel tem de ser doce
E de se chamar mel;
É que, se assim não fosse,
O que acalmava a tosse
Do meu irmão Miguel?

Felipa Monteverde

domingo, 20 de março de 2011

Uma formiga atrevida

(Imagem da Net)

Uma formiga atrevida
Pisou o meu pão-de-ló;
Que atrevida, essa formiga
Que se atreveu, vejam só,
A pôr o pé na comida
Que me fez a minha avó!

(Felipa Monteverde)

sexta-feira, 11 de março de 2011

A princesa encantada

Era uma vez uma menina, chamada Mariana, que andava a passear no jardim e ouviu uma voz dizer:
- Bom-dia!
Mariana olhou à volta e não viu ninguém. Então ouviu outra vez:
- Bom-dia!
Mariana respondeu:
- Bom-dia, quem está a falar comigo?
- Sou eu, – disse a voz – sou a flor que aqui está neste vaso.
Mariana olhou, viu a flor e perguntou:
- Quem és tu?
A flor respondeu que era uma princesa que tinha sido encantada por uma bruxa, que a transformou em flor, e que só voltaria a ser princesa novamente quando três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos andassem à volta do vaso onde ela estava.
Mariana disse que ia ver se conseguia arranjar essas aves todas e que a flor não se preocupasse, que ela a ajudaria.
Depois Mariana foi à capoeira ver se tinha três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos, mas não tinha, só tinha duas galinhas, um galo, um pinto preto e dois brancos. Então, foi à feira ver se encontrava os que lhe faltavam, mas só encontrou dois galos e um pinto branco. Ainda faltavam uma galinha e dois pintos pretos.
No dia seguinte, Mariana foi a outra feira; encontrou a galinha que faltava e os dois pintos pretos e trouxe tudo para a capoeira, para no dia seguinte quebrar o encanto da princesa.
Entretanto, a bruxa descobriu o que Mariana ia fazer. Nessa noite transformou-se numa raposa e assaltou a capoeira. Comeu as galinhas, os galos e os pintos todos. O criado da quinta onde Mariana vivia ouviu barulho e foi ver o que se passava. A raposa ouviu-o chegar e fingiu-se morta. O criado pensou que ela estava mesmo morta e disse:
- Ah, danada! Comeste o que não devias e é bem-feito que tenhas morrido. Vou abrir-te a barriga, a ver se salvo ao menos uma galinha.
O criado pegou na faca que trazia à cintura e com ela abriu a barriga à raposa, que quando sentiu a faca deu um salto e disse:
- Ai, que nunca mais volto a ser bruxa, ficarei raposa para sempre!
É que quando as bruxas estão transformadas em qualquer coisa e se lhes espeta uma faca, elas ficarão para sempre transformadas nisso e nunca mais podem fazer mal a ninguém.
A raposa conseguiu fugir. O criado, muito triste, foi dizer à Mariana o que tinha acontecido aos galos, às galinhas e aos pintos brancos e pretos.
Mariana disse que não fazia mal, que arranjava outros. No dia seguinte foi novamente às feiras procurar três galos, três galinhas, três pintos brancos e três pretos e encontrou-os todos.
Dirigiu-se depois ao jardim aonde estava a flor, disse-lhe bom-dia e contou-lhe que já tinha o que fazia falta para a desencantar. Pôs os três galos, as três galinhas, os três pintos brancos e os três pintos pretos no chão ao pé do vaso, mas não havia maneira de eles andarem à volta dele.
Então o jardineiro, que estava a presenciar tudo, perguntou se podia tentar fazer com que as aves andassem à volta do vaso. Mariana disse que sim. O jardineiro foi buscar um bocado de milho e foi deitando um por um à volta do vaso.
Quando os galos, as galinhas e os pintos viram o milho começaram logo a comê-lo, andando à volta do vaso. Logo a princesa ficou desencantada, transformando-se numa rapariga muito bonita. O jardineiro, que era um rapaz novo, quando a viu apaixonou-se por ela, e a princesa também se apaixonou por ele.
A princesa agradeceu à Mariana por tudo o que fez por ela; depois o jardineiro foi levar a princesa ao castelo onde viviam os pais dela.
O pai e a mãe da princesa, que eram o rei e a rainha, ficaram muito contentes quando a viram. A princesa contou-lhes o que lhe tinha acontecido e pediu ao pai para a deixar casar com o jardineiro, pois gostava muito dele. O rei disse que sim.
No domingo seguinte fez-se o casamento e deram uma grande festa. A princesa convidou a Mariana. Ela foi e gostou muito, pois o casamento foi muito bonito e a festa também.
A princesa levou um vestido com muitas rendas e laços e todo cheio de brilhantes. E levou um véu muito comprido e uma coroa muito bonita na cabeça. O jardineiro passou a ser príncipe e também estava muito bonito.
Casaram, tiveram muitos filhos e foram felizes para sempre.

(Texto e desenhos de Felipa Monteverde)

O rato Ratão

Andava o rato Ratão
Comilão
Procurando no fogão
Algum resto de feijão
Ou um pedaço de pão
E requeijão…

Pobretão
Que é o rato Ratão:
Só encontrou macarrão
Cozido com pimentão,
Irá comê-lo ou não?

Tão glutão
O dito rato Ratão
Ali mesmo, no fogão,
Comeu até que mais não
Lhe cabia, e na mão
Levou para o seu irmão
O resto do macarrão
Cozido com pimentão.

Amigão,
Apesar de comilão
Que é o rato Ratão!

FELIPA MONTEVERDE

A Rata Ratinha

Andando a rata Ratinha
Com fominha,
Procurando na cozinha
Alguns restos de galinha,
Encontrou uma sardinha
Ainda dentro da latinha.

Coitadinha,
Que é a rata Ratinha,
Porque tem tanta fominha
E não gosta de sardinha…

Ah! Se ela fosse rainha
Dos ratos e das ratinhas
Quanta comida teria
Na cozinha!
Só comeria galinha
Nem tainha,
Nem sardinha,
Porque ela era a rainha!

Pobrezinha,
Que é a rata Ratinha,
Lá comeu uma sardinha…
Mas já matou a fominha!

FELIPA MONTEVERDE

O jarro partido

Meu irmão partiu o jarro
Que a minha mãe comprou
Deixou-o cair ao chão
E depois muito chorou.

Ao ver o jarro partido
Minha mãe desatinou
E o choro do meu irmão
Ainda mais a enervou.

Aplicou-lhe um castigo
Que é para ele aprender
A deixar estar o que está
Não pôr a mão, não mexer.

FELIPA MONTEVERDE

O príncipe de orelhas de burro

O príncipe de orelhas de burro
Usava um chapéu de palha
Já lhe chamavam casmurro
Mas ele teima e só ralha.

Tapava ele as orelhas
Ninguém sabia que as tinha
Só se lembravam as velhas
De que o dissera a rainha.

O príncipe nunca mostrou
As orelhas a ninguém
E só nisso se falou
Por causa da sua mãe.

O príncipe de orelhas de burro
Tem medo que o povo pense
Que ele é assim tão casmurro
Porque é burro como um burro.

Por isso esconde as orelhas
E se não fossem as velhas
Ninguém sabia que as tinha
Nem que o dissera a rainha.

FELIPA MONTEVERDE